Em junho de 2015 a Ecma International finalizou a sexta versão da linguagem de programação ECMAScript (popularmente chamado de JavaScript). O objetivo deste guia é mostrar as principais features desse update junto com maneiras de configurar um ambiente de desenvolvimento que habilite seu uso em produção.
Sinta-se livre para contribuir com o projeto! Sugestões e PRs são sempre bem vindos!
Por ser uma tecnologia nova o ES6 não funciona nativamente em todos os browsers. É importante avaliar quais são os navegadores que o seu projeto deseja oferecer suporte. De acordo com dados do Can I use neste exato momento a maioria dos browsers modernos já possui suporte as principais features do ES6.
Olhando dados atuais (final de 2016) uma boa parte dos usuários ainda utiliza browsers que não implementaram o ES6 por completo. Mas felizmente a comunidade JavaScript criou uma série de ferramentas (transpilers) que possibilitam a conversão de JavaScript moderno para uma sintaxe mais antiga (geralmente ECMAScript 5). O transpiler mais usado no momento é o Babel (anteriormente conhecido como 6to5).
O Babel é um programa que transforma JavaScript na sua sintaxe mais recente para ES5, seu funcionamento é bastante similar ao que é feito em linguagens como TypeScript e CoffeeScript. No passado o Babel era chamado de 6to5, mas pelo fato de hoje em dia o projeto suportar features do ES7+ foi necessária a mudança para um nome mais apropriado.
Um dos grandes problemas da linguagem era que a sua evolução se dava de forma muito lenta (o ES5 por exemplo foi introduzido em 2009). Uma das maneiras de sanar esta dificuldade encontrada pelo time de desenvolvimento do Javascript foi começar a criar pequenos updates anuais que seriam nomeados com o ano em que a especificação final foi liberada ao invés do padrão antigo, de versões seguindo uma ordem numérica simples. Além disso todas as mudanças que ainda não possuem uma especificação final são classificadas como ECMAScript Proposals.
Como esta proposta foi dada quando já se falava sobre ES6, o novo nome não teve uma adesão muito grande logo. Assim como nós chamamos ECMAScript de JavaScript, neste guia ES2015 e ES2016 serão chamados de ES6 e ES7, respectivamente.
Nós podemos brincar com o Babel online, o que é ótimo para ter uma certa noção do código que é gerado com a ferramenta, sem a necessidade de montar um ambiente de desenvolvimento que a suporte. Por exemplo no Babel online um código ES6 assim:
const hello = 'Hello world!';
console.log(hello);
Vai ficar assim:
'use strict';
var hello = 'Hello world!';
console.log(hello);
Atualmente o Babel deixou de dar suporte ao babel-standalone o seu projeto que permitia usá-lo apenas colocando uma biblioteca .js em uma tag <script>
. Hoje em dia devemos usar uma ferramenta para gerenciar o processo de conversão, neste guia daremos suporte ao Webpack. Para outras ferramentas veja a documentação oficial do projeto.
O webpack é um module bundler, um programa que serve para juntar vários recursos da sua aplicação em um só, assim como o browserfy. A vantagem do webpack sobre outras ferramentas é que na maioria dos casos nós não precisamos usar um software como gulp ou grunt para fazer o processo de build da nossa aplicação. O webpack usa um arquivo que guarda todas as informações a respeito do que deve ser feito com os seus recursos chamado de webpack.config.js.
Para instalar o webpack globalmente abra o seu terminal e digite:
npm install webpack -g
Crie um diretório para guardar o seu projeto e dentro dele, crie outro chamado js para guardar o JavaScript. Dentro do diretório principal do projeto inicie o node.js com:
npm init
Como bons desenvolvedores front end moderninhos, nós iremos usar o npm para gerenciar nossas dependências. Aprenda mais sobre o assunto aqui
Crie um arquivo chamado index.js. Dentro de index.js vamos colocar um código qualquer, por exemplo:
console.log('Olá mundo!');
Também vamos criar um index.html que irá chamar o nosso JavaScript gerado pelo webpack:
<!DOCTYPE html>
<html>
<head>
<meta charset="utf-8">
<title>Aprendendo webpack</title>
</head>
<body>
<script src="js/build.min.js"></script>
</body>
</html>
Depois de salvar o arquivo, podemos abrir o terminal novamente e digitar:
webpack /js/index.js build.min.js
O comando acima vai criar um bundle baseado no que está em index.js e salvar o resultado em build.min.js. Abra index.html no seu navegador para testar.
Criando um arquivo de configuração
Como foi dito anteriormente devemos criar um arquivo de configuração para especificar o que deve ser feito durante o processo de build. Crie um arquivo chamado webpack.config.js no seu diretório e coloque o seguinte código:
var debug = process.env.NODE_ENV !== "production";
var webpack = require('webpack');
module.exports = {
context: __dirname,
devtool: debug ? "inline-sourcemap" : null,
entry: "./js/app.js",
output: {
path: __dirname + "/js",
filename: "build.min.js"
},
plugins: debug ? [] : [
new webpack.optimize.DedupePlugin(),
new webpack.optimize.OccurenceOrderPlugin(),
new webpack.optimize.UglifyJsPlugin({
mangle: false,
sourcemap: false
}),
],
};
O código pode parecer meio complicado agora, então vamos por partes:
- context: __dirname: representa onde o webpack deve rodar, neste caso nós usamos __dirname o que em node quer dizer o diretório atual
- devtool: debug ? "inline-sourcemap" : null: verifica se estamos em modo de debug ou não, se estivermos em debug, o webpack vai ativar o inline-sourcemap que facilita o processo de desenvolvimento.
- entry: "./js/app.js":
- output: { path: __dirname + "/js", filename: "build.min.js" }: indica que o webpack deve criar um bundle em build.min.js e salvá-lo no diretório /js
- plugins: debug ? [] : [ new webpack.optimize.DedupePlugin(), new webpack.optimize.OccurenceOrderPlugin(), new webpack.optimize.UglifyJsPlugin({ mangle: false, sourcemap: false }), ]: Aplica o UglifyJs para minificar nosso código se não estivermos em desenvolvimento.
Agora que nós temos um arquivo de configuração, podemos rodar o webpack novamente e ver os resultados. No terminal digite:
NODE_ENV=production webpack --watch
Nós usamos NODE_ENV=production para indicar ao node que estamos em ambiente de produção, desta forma o webpack pode rodar o Uglify antes de montar a build.
Se tudo ocorreu como planejado teremos um arquivo build.min.js com o código da nossa aplicação minificado!
CommonJS
O objetivo disso tudo obviamente é poder criar vários arquivos .js e no final juntá-los em um só, agora nós podemos fazer isso facilmente.
Crie um arquivo chamado olamundo.js e transfira o que estava em app.js:
console.log('Olá mundo!');
Crie outro arquivo chamado adeusmundo.js e coloque:
console.log('Adeus mundo!');
Agora nós vamos chamar os dois arquivos indo pra app.js e fazendo:
require('./olamundo.js');
require('./adeusmundo.js');
Se abrirmos o index.html vamos ver que build possui o código tanto de adeus quanto de olá! Tudo isso acontece graças ao CommonJS, um formato que também é usado no node para criação de módulos. Também vemos que não foi preciso rodar o webpack novamente, isso porque o comando --watch dado do exemplo passado, faz com que o webpack rode automaticamente toda vez que ocorra alguma mudança nos arquivos.
Webpack dev server
O webpack também oferece um pequeno servidor de arquivos estáticos para desenvolvimento. Você pode instalá-lo com:
npm install webpack-dev-server -g
E depois rode com:
webpack-dev-server
Se formos para http://localhost:8080/ podemos ver o nosso projeto rodando em um servidor web. A melhor parte disso é que com o comando abaixo, podemos programar normalmente e deixar o webpack-dev-server dar o refresh na página de forma automática.
webpack-dev-server --inline --hot
Com a configuração que nós temos agora ainda é impossível usar ES6 e dar suporte a navegadores antigos, para isso temos que adicionar o Babel ao nosso projeto com webpack.
Primeiramente vamos instalar o Babel e suas dependências:
npm install babel-core babel-loader node-libs-browser babel-preset-es2015 babel-plugin-transform-decorators-legacy babel-plugin-transform-class-properties babel-preset-stage-0 --save-dev
Após a instalação modifique o seu webpack.config.js para:
var debug = process.env.NODE_ENV !== "production";
var webpack = require('webpack');
module.exports = {
context: __dirname,
devtool: debug ? "inline-sourcemap" : null,
entry: "./js/app.js",
module: {
loaders: [{
test: /\.js?$/,
exclude: /(node_modules|bower_components)/,
loader: 'babel-loader',
query: {
presets: ['es2015', 'stage-0'],
plugins: ['transform-decorators-legacy', 'transform-class-properties'],
}
}]
},
output: {
path: __dirname + "/js",
filename: "build.min.js"
},
plugins: debug ? [] : [
new webpack.optimize.DedupePlugin(),
new webpack.optimize.OccurenceOrderPlugin(),
new webpack.optimize.UglifyJsPlugin({
mangle: false,
sourcemap: false
}),
],
};
Todas as mudanças estão em:
module: {
loaders: [{
test: /\.js?$/,
exclude: /(node_modules|bower_components)/,
loader: 'babel-loader',
query: {
presets: ['es2015', 'stage-0'],
plugins: ['transform-decorators-legacy', 'transform-class-properties'],
}
}]
}
Vamos entender o que cada configuração nesse exemplo faz:
- test: /.js?$/: Procura por todos os arquivos que terminam em .js...
- exclude: /(node_modules|bower_components)/: ...todos menos os que estão em node_modules ou em bower_components(aka bibliotecas externas)
- loader: 'babel-loader': o software que vai executar a ação
- query: { presets: ['es2015', 'stage-0'], plugins: ['transform-decorators-legacy', 'transform-class-properties'], }: oferece suporte ao es6, e a algumas features mais modernas como decorators e class properties
Pronto! Agora nós temos um ambiente capaz de usar o ES6 em produção. :-)
Ok, depois de montar um ambiente estamos prontos para começar a programar em ECMAScript 6. Apartir de agora o tutorial será composto de pequenos exemplos com o objetivo de explicar algumas features da linguagem.
Nas versões anteriores do JavaScript podíamos declarar valores de duas formas:
x = 10;
var y = 12;
Quando declaramos uma variável sem var o seu escopo se torna global, logo:
function foo() {
x = 10;
}
foo();
console.log(x); // vai mostrar 10 na tela
O exemplo acima mostra como declarar variáveis dessa forma é uma má ideia. Variáveis globais na maioria dos casos são algo bem ruim. Imagine uma aplicação onde um valor global é atualizado várias vezes e em várias funções diferentes. Se tivermos um bug relacionado a este valor específico, como vamos saber onde está a origem da falha? Em um projeto grande esse processo vai ser uma imensa perda de tempo, dificultando o trabalho do encarregado de dar manutenção no código. Como regra geral não use variáveis globais.
Para resolver este problema podemos colocar 'use strict' no topo do nosso código. Ex.:
'use strict';
function foo() {
x = 10;
console.log(x);
}
foo();
console.log(x); // ERRO: assignment to undeclared variable x
Ok mas e o var? Bem, usando var nós podemos evitar o escopo global logo:
function foo() {
var x = 10;
}
foo();
console.log(x); // ReferenceError: x is not defined
var parece uma opção muito boa, porém ele funciona de uma forma um pouco diferente do esperado:
function foo() {
if (true) {
var x = 10;
}
console.log(x);
}
foo(); // 10
Usando var o escopo de todas as variáveis é a função onde ela foi declarada, é como se todas as variáveis fossem jogadas para o topo da função mesmo que tenham sido declaradas em outro lugar. var não chega a ser um problema muito grande mas como ele age de forma muito diferente do que é comum nas demais linguagens, essa keyword gera muita confusão com os desenvolvedores iniciantes.
Para resolver todos esses problemas de escopo, foram introduzidas duas novas keywords para definir valores: const e let.
const
O const permite a criação de constantes, valores que após serem definidos nunca serão mudados:
const pi = 3.14;
console.log(pi);
pi = 10; // ERRO
Constantes facilitam bastante o entendimento de um código, já que nós podemos ter certeza que um determinado valor nunca vai mudar depois de ser definido. Use const sempre que possível.
Algumas pessoas preferem seguir a tradição das linguagens inspiradas por C e escrever constantes em MACRO_CASE ao invés do camelCase usado em variáveis para deixar bem claro que o valores não podem ser alterados, pessoalmente eu acredito que como tentativas de alterar consts vão causar um erro de sintaxe não usar um padrão diferente é desnecessário ;)
Constantes em ES6 não são realmente imutáveis. Objetos criados com const podem ter seus valores alterados:
const paises = {
brasil: 'Rio de Janeiro',
eua: 'Washington',
portugal: 'Lisboa',
};
paises.brasil = 'Brasilia';
console.log(paises.brasil); // Brasilia
Para corrigir isso usamos o Object.freeze(), que "congela" um objeto, impedindo mudanças nos seus valores:
const paises = Object.freeze({
brasil: 'Rio de Janeiro',
eua: 'Washington',
portugal: 'Lisboa',
});
paises.brasil = 'Brasilia';
console.log(paises.brasil); // 'brasil' is read-only
Note que mesmo assim não temos 100% de imutabilidade, podemos ainda alterar objetos que estejam dentro desse objeto:
const paises = Object.freeze({
brasil: 'Rio de Janeiro',
eua: 'Washington',
portugal: 'Lisboa',
africaDoSul: {
a: 'Pretória',
b: 'Cidade do Cabo',
c: 'Bloemfontein',
},
});
paises.africaDoSul.a = 'Brasilia';
console.log(paises.africaDoSul.a); // Brasilia :(
A documentação da MDN possui uma gambiarra que resolve isso chamada deepFreeze().
Para melhorar o suporte à imutabilidade no JavaScript o Facebook desenvolveu uma lib chamada Immutable.js. Com Immutable nós podemos usar uma série de estruturas de dados imutáveis. Ex.:
const Immutable = require('immutable');
const paises = Immutable.Map({
brasil: 'Rio de Janeiro',
eua: 'Washington',
portugal: 'Lisboa',
});
const novosPaises = paises.set('brasil', 'Brasilia');
paises.get('brasil'); // 'Rio de Janeiro'
novosPaises.get('brasil'); // 'Brasilia'
Obviamente, criar uma copia de um objeto inteiro sempre que quisermos fazer alguma alteração pode afetar a performance da nossa webapp. Para resolver isso o Immutable implementa persistent data structures, basicamente toda vez que existe uma alteração o Immutable cria uma estrura nova apenas para a parte do objeto que foi alterada e insere uma referência da estrutura nova na estrutura antiga.Ex.:
Aprenda mais sobre Immutable aqui e aqui
let
O let funciona de forma semelhante ao var, mas respeitando o escopo em que foi declarado:
if (true) {
let a = 10;
}
console.log(a); // a is not defined
Obviamente, ainda podemos usar var em ES6.
IIFEs ou Immediately Invoked Function Expressions são expressões que são executadas assim que são definidas. Elas ajudam a criar um escopo mais "privado" no seu código:
(function() {
var comida = 'Tapioca';
console.log(comida);
}()); // vai executar automaticamente e exibir Tapioca
console.log(comida); // Reference Error
No ES6 podemos simplesmente escrever:
{
const comida = 'Tapioca';
console.log(comida);
} // vai executar automaticamente e exibir Tapioca
console.log(comida); // Reference Error
Em ES5 funções anônimas são definidas assim:
var hey = function() {
console.log('hey');
};
Já no ES6 podemos também fazer desta forma:
const hey = () => {
console.log('hey');
}
Ou ainda:
const hey = () => console.log('hey');
Usando a sintaxe () => foo;
estamos implicitamente definindo o return da função:
const nome = () => 'Lucas';
console.log(nome());// Lucas
Se a função tiver um argumento os podemos omitir os parenteses:
const falaAe = menssagem => menssagem;
console.log(falaAe('Olá mundo!')); //Olá mundo!
arrow functions e this
A melhor parte das arrow functions é que elas guardam o contexto this do seu valor léxico. Em ES5 nós tínhamos problemas do tipo:
function AfricaDoSul(intro) {
this.intro = intro;
}
AfricaDoSul.prototype.mostraCapitais = function(lista) {
return lista.map(function(capital) {
return this.intro + capital; // ERRO this is undefined
});
};
var af = new AfricaDoSul('As capitais da Africa do Sul são');
af.mostraCapitais(['Pretória', 'Cidade do Cabo', 'Bloemfontein']);
Não podemos ter acesso ao this em mostraCapitais porque ele não está no mesmo contexto do construtor da classe AfricaDoSul. Para resolver isso nós podemos usar o método bind para conectar o contexto:
function AfricaDoSul(intro) {
this.intro = intro;
}
AfricaDoSul.prototype.mostraCapitais = function(lista) {
return lista.map(function(capital) {
return this.intro + capital;
}.bind(this));
};
var af = new AfricaDoSul('A capital da Africa do Sul é:');
console.log(af.mostraCapitais(['Pretória', 'Cidade do Cabo', 'Bloemfontein'])); // Array [ 'A capital da Africa do Sul é:Pretória', 'A capital da Africa do Sul é:Cidade do Cabo', 'A capital da Africa do Sul é:Bloemfontein' ]
Arrow functions já fazem isso por padrão, sendo assim:
function AfricaDoSul(intro) {
this.intro = intro;
}
AfricaDoSul.prototype.mostraCapitais = function(lista) {
return lista.map((capital) => this.intro + capital);
};
var af = new AfricaDoSul('A capital da Africa do Sul é:');
console.log(af.mostraCapitais(['Pretória', 'Cidade do Cabo', 'Bloemfontein']));
Funciona perfeitamente!
O ES6 trouxe uma sintaxe de classes muito parecida com o que vemos em outras linguagens orientadas a objeto como o Java. O exemplo anterior poderia ser feito assim:
class AfricaDoSul {
constructor(intro) {
this.intro = intro;
}
mostraCapitais = function(lista) {
return lista.map((capital) => this.intro + capital);
}
}
var af = new AfricaDoSul('A capital da Africa do Sul é:');
console.log(af.mostraCapitais(['Pretória', 'Cidade do Cabo', 'Bloemfontein']));
Getters e Setters
O ES6 oferece getters e setters nas suas classes:
class AfricaDoSul {
constructor() {
this._capitais = ['Pretória', 'Cidade do Cabo', 'Bloemfontein'];
}
get capitais() {
return this._capitais.map((capital) => this._intro + capital);
}
set intro(intro) {
this._intro = `De acordo com o usuario: ${intro}`;
}
}
var af = new AfricaDoSul();
af.intro = 'A capital da África do Sul é: ';
console.log(af.capitais); //Array [ 'De acordo com o usuário: A capital da África do Sul é: Pretória', 'De acordo com o usuário: A capital da África do Sul é: Cidade do Cabo', 'De acordo com o usuário: A capital da África do Sul é: Bloemfontein' ]
Herança
Para fazer herança em ES6 usamos a keyword extends
class Animal {
constructor(nome) {
this.nome = nome;
}
nasce() {
console.log('nasceu');
}
reproduz() {
console.log('reproduziu');
}
morre() {
console.log('morreu');
}
}
class Human extends Animal {
constructor(nome) {
super(nome);
}
morre() {
console.log('no céu tem pão?');
}
}
const joao = new Human('Joao');
joao.nasce();
joao.reproduz();
joao.morre();
Veja que usamos super no construtor para chamar o construtor da classe mãe (no exemplo de Human, a classe Animal)
JavaScript não oferece orientação a objetos clássica como Java. Em JavaScript não existem classes, nós definimos funções ou objetos e podemos expandi-los depois de sua criação. Ex:
function AfricaDoSul(intro) {
this.intro = intro;
}
É uma função que usaremos para simular o construtor de uma classe. Podemos adicionar métodos a essa classe usando a propriedade prototype:
AfricaDoSul.prototype.mostraCapitais = function(lista) {
return lista.map(function(capital) {
return this.intro + capital;
}.bind(this));
};
Mesmo que inicialmente pareça uma ideia bizarra comparando com a POO clássica, POO com prototype é vista como uma forma de escrever classes mais simples, mais poderosas e menos redundantes. Veja mais sobre o assunto aqui.
As classes do ES6 são só syntax sugar em cima das prototypes, ainda é necessário entender os conceitos por trás disso tudo e até mesmo usar a sintaxe antiga.
Veja que no exemplo de getters e setters nós usamos a convenção _nomeDaVariavel para definir valores privados, porém mesmo assim eles ainda podem ser acessados. Para criar valores realmente privados devemos usar WeakMaps:
const _nome = new WeakMap();
class Pessoa {
constructor(nome) {
_nome.set(this, nome);
}
falaNome() {
return _nome.get(this);
}
}
const eu = new Pessoa('Lucas');
console.log(eu.falaNome()); // Lucas
console.log(_nome.get(this)); // undefined
Maps (também conhecidos como hashmaps ou hashs) são uma estrutura de dados que armazenam valores em um formato de chave (key) e valor (value). Ex:
'use strict';
var paises = {
brasil: 'Brasilia',
usa: 'DC'
};
paises['usa']; // DC
O problema de declarar hashes usando objetos é que objetos permitem o uso de propriedades como __ proto __ ou toString(), que podem tornar nosso código mais inseguro já que qualquer pessoa pode modificar o nossos objetos.
Outro defeito da criação de maps com objetos é que iterar pelos seus elementos envolve uma sintaxe um pouco inconveniente:
'use strict';
var paises = {
brasil: 'Brasilia',
usa: 'DC'
};
var listaPaises = Object.keys(paises);
listaPaises.map(function(pais) {
return console.log(pais);
}); // brasil usa
Esses problemas são resolvidos com maps:
const paises = new Map();
paises.set('brasil', 'Brasilia');
paises.set('usa', 'DC');
for (const [key, value] of paises) {
console.log(key, value);
}
// "brasil" "Brasilia"
// "usa" "DC"
Foram adicionados diversos métodos para strings, entre eles o includes e o repeat.
includes
Em ES5 verificamos se uma string é substring de outra usando indexOf:
var comida = 'tapioca';
var isSubstring = comida.indexOf('tap', -1) > -1; // indexOf returna a posição de uma string em outra, se nada for achado ele retorna -1
console.log(isSubstring); // true
No ES6 podemos usar o método include e evitar a gambiarra do exemplo anterior:
const comida = 'tapioca';
console.log(comida.includes('tap')); // true
repeat
Em ES5 podemos repetir uma string usando um loop:
var creu = 'creu';
var i = 0;
while (i < 3) {
creu += creu;
i++;
}
console.log(creu); // "creucreucreucreucreucreucreucreu"
No ES6 podemos usar o método repeat:
console.log('creu'.repeat(3));
Em ES5 strings não podem estar em mais de uma linha:
var comida = 'oi
tudo bem ? ';
Em ES6 podemos usar template literals para resolver este problema:
const comida = `oi
tudo bem?`;
Template literals também oferecem interpolação de valores, parecido com o que existe no Ruby:
const diaDaSemana = 'sexta-feira!';
const frase = `Hoje é ${diaDaSemana}!`;
console.log(frase); // Hoje é sexta-feira!!
Deconstructors permitem extrair valores de objetos e arrays para variáveis de forma mais fácil. A seguinte situação em ES5:
var diasDaSemana = ['domingo', 'segunda', 'terça', 'quarta', 'quinta', 'sexta'];
var domingo = diasDaSemana[0];
var segunda = diasDaSemana[1];
var terca = diasDaSemana[2];
console.log(domingo); // domingo
console.log(segunda); // segunda
console.log(terca); // terça
Pode ser simplificada em ES6 assim:
const diasDaSemana = ['domingo', 'segunda', 'terça', 'quarta', 'quinta', 'sexta'];
const [domingo, segunda, terca] = diasDaSemana;
console.log(domingo); // domingo
console.log(segunda); // segunda
console.log(terca); // terça
Também podemos fazer o mesmo com objetos:
const capitais = {
brasil: 'Brasilia',
eua: 'DC'
};
const {
brasil,
eua
} = capitais;
console.log(brasil); // Brasilia
console.log(eua); // DC
Lembra do CommonJS (require) que nós vimos quando estávamos montando nosso ambiente com webpack? O ES6 trás a mesma feature nativamente com a keyword import
Exportando um módulo
Para tornar alguma parte do nosso módulo público devemos exportá-lo com a keyword export:
export const comida = 'tapioca';
export function foo() {
return 'tapioca da boa';
}
Imaginando que o exemplo anterior foi salvo em um arquivo tapioca.js podemos usar o módulo tapioca em outro arquivo assim:
import * as tapioca from './tapioca.js';
console.log(tapioca.comida); // tapioca
console.log(tapioca.foo()); // tapioca da boa
Também é possivel importar de forma separada:
import comida tapioca from './tapioca.js';
console.log(comida); // tapioca
console.log(tapioca.foo()); // ERRO
Export default
Podemos usar a keyword default para definir o que deve ser retornado por padrão no nosso módulo. É sempre uma boa ideia retornar apenas uma coisa no módulo dessa forma deixando explicito o que será exposto publicamente. Ex:
const comida = 'tapioca';
const preco = 1.0;
function foo() {
return `tapioca da boa só ${preco} real`;
}
export default
const api = {
comida,
foo
}
Fica possível importar com destructors:
import {
comida,
foo
} from './tapioca';
Ou mesmo:
import tapioca from './tapioca';
tapioca.comida;
tapioca.foo();
No ES5 se fosse necessário criar uma função com parâmetros opcionais, teríamos que usar a seguinte gambiarra:
function comida(nome) {
nome = nome || 'tapioca';
return nome;
}
console.log(comida()); // tapioca
console.log(comida('pizza')); //pizza
Em ES6 podemos declarar parâmetros opcionais como no Python:
function comida(nome = 'tapioca') {
return nome;
}
console.log(comida()); // tapioca
console.log(comida('pizza')); //pizza
Se tivermos uma função com um número indefinido de parâmetros devemos fazer o seguinte em ES5:
function capitais() {
for (var i = 0; i < arguments.length; i++) {
console.log(arguments[i]);
}
}
capitais('Brasilia');
capitais("Pretória", "Cidade do Cabo", "Bloemfontein");
Já em ES6:
function capitais(...args) {
for (const arg of args) {
console.log(arg);
}
}
capitais('Brasilia');
capitais('Pretória', 'Cidade do Cabo', 'Bloemfontein');
É possível concatenar arrays em ES5 com o método concat. Ex.:
var capitais = ['Cidade do Cabo', 'Bloemfontein'];
var capitaisCompletas = ['Pretória'].concat(capitais);
console.log(capitaisCompletas); // Array [ 'Pretória', 'Cidade do Cabo', 'Bloemfontein' ]
É possivel concatenar arrays em ES6 com o operador spread ... Ex.:
const capitais = ['Cidade do Cabo', 'Bloemfontein'];
const capitaisCompletas = ['Pretória', ...capitais];
console.log(capitaisCompletas); // Array [ 'Pretória', 'Cidade do Cabo', 'Bloemfontein' ]
Em ES5 nós usávamos callbacks (funções passadas como argumento de outra função). Isso podia gerar código assim:
func1(function(value1) {
func2(value1, function(value2) {
func3(value2, function(value3) {
func4(value3, function(value4) {
func5(value4, function(value5) {
// Faz alguma coisa com o valor 5
});
});
});
});
});
Esse é o chamado callback hell, para evitar esse tipo de problema existem as promises. O exemplo anterior com promises ficaria assim:
func1(value1)
.then(func2)
.then(func3)
.then(func4)
.then(func5, value5 => {
// Faz alguma coisa com o valor
});
Diversas bibliotecas como a bluebird trouxeram promises para o ES5, mas agora com o ES6 podemos usá-las de forma nativa.
Criando promises
Promises possuem dois handlers: resolve(para quando a promise não retorna nenhuma exception) e reject (para quando a promise retorna uma exception):
import $ from 'jquery';
const urls = [
'/api/commits',
'/api/issues/opened',
'/api/issues/assigned',
'/api/issues/completed',
'/api/issues/comments',
'/api/pullrequests'
];
const promises = urls.map((url) => {
return new Promise((resolve, reject) => {
$.ajax({
url: url
})
.done((data) => {
resolve(data);
});
});
});
Promise.all(promises)
.then((results) => {
// Faz alguma coisa com o resultado das promises
});
No exemplo anterior estamos usando o jQuery($) pra fazer requisições AJAX. Não se esqueça que podemos instalar bibliotecas externas com a ajuda do npm mesmo no front end. Para instalar o jQuery no nosso projeto webpack simplemente use npm install jquery --save
Outra forma de evitar o callback hell são os generators. Eles são funções que podem ser "pausadas" durante sua execução.
function* capitais() {
yield 'Pretoria';
yield 'Brasilia';
yield 'DC';
yield 'Lisboa';
}
var generator = capitais();
console.log(generator.next()); // { value: Pretoria, done: false }
console.log(generator.next()); // { value: Brasilia, done: false }
console.log(generator.next()); // { value: DC done: false }
console.log(generator.next()); // { value: Lisboa, done: false }
Generators são ideais para código assíncrono:
function* getData() {
const api1 = yield request('http://some_api/item1');
const dadosApi1 = JSON.parse(entry1);
var api2 = yield request('http://some_api/item2');
var dadosApi2 = JSON.parse(entry2);
}
Async e Await fazem parte do ES7 e são uma ótima forma de fazer código assíncrono:
import request from 'request';
function getJSON(url) {
return new Promise((resolve, reject) => {
request(url, (error, response, body) => {
resolve(body);
});
});
}
async function main() {
const data = await getJSON();
console.log(data); // Vai mostrar os dados da requisição
}
main();
Veja que async é a maneira mais fácil e limpa de fazer códigos assíncronos com error handling. Com funções async podemos escrever código assíncrono como se fosse código síncrono, algo inspirado em features similares de linguagens como C#.
O passo mais importante para dominar uma nova linguagem é praticar. Agora que você tem uma noção do básico de ECMAScript 6, tente converter projetos antigos ou crie projetos novos do zero. Veja como você pode usar o ES6 no seu cotidiano para resolver problemas reais.
- http://exploringjs.com/
- https://es6.io/
- http://www.ecma-international.org/ecma-262/6.0/
- http://wiki.ecmascript.org/doku.php?id=harmony:specification_drafts#final_draft
- http://jamesknelson.com/using-es6-in-the-browser-with-babel-6-and-webpack/
- https://medium.com/@dabit3/beginner-s-guide-to-webpack-b1f1a3638460#.ssqsj3bq6
- http://tableless.com.br/introducao-ao-webpack/
- http://stackoverflow.com/questions/484635/are-global-variables-bad
- https://mathiasbynens.be/notes/es6-const
- https://github.com/DrkSephy/es6-cheatsheet
- https://ponyfoo.com/articles/es6-maps-in-depth